Reflexões, Trends

Negócios e Web 2.0: o talento em rede

Acabei de espreitar um estudo da McKinsey muito interessante, intitulado “Business and Web 2.0: an interactive feature“. Recomendo vivamente a sua leitura, pois mostra-nos, com dados concretos, como as organizações estão a usar as ferramentas da web 2.0 para criar mais valor.

É muito interessante constatar, por exemplo, que há uma significativa maioria de colaboradores das organizações que usam os blogs e o micro-blogging como ferramentas de trabalho. Todavia, quando questionadas sobre quais as tecnologias da Web 2.0 mais importantes para os negócios, as organizações inquiridas referem com grande destaque os blogs (o que é coerente com a prática maioritária dos seus colaboradores), mas dão uma importância meramente marginal ao microblogging!

Isto leva-nos a uma questão relevante: será que o Twitter anda a ser sub-valorizado nas organizações?  Serão 6 milhões de utilizadores em todo o mundo de desprezar? Valerá a pena usar uma plataforma que limita o que dizemos a 140 caracteres? Sobre este tema sugiro o post do Browserd intitulado “Jacob Nielsen e o Twitter“. Vale a pena a polémica. Eu tenho de confessar que me rendi ao Twitter, especialmente do ponto de vista empresarial. A Alter Via é seguramente a primeira empresa de executive search portuguesa com presença no “twitterverse” e a verdade é que tem sido uma óptima plataforma para divulgar conteúdos e gerar notoriedade. Não acreditam? Espreitem só um bocadinho 😉 E ainda nem entrámos na fase de interagirmos com os nossos clientes e candidatos…

Os wikis e os podcasts são tendências emergentes, e a importância e uso real nas empresas encontra-se alinhado, o que são boas notícias – cf. o meu post sobre Wikipedia.

O fenómeno mais estranho é todavia o das redes sociais – apesar de ser percepcionada como a 2ª ferramenta da web 2.0 mais importante, a verdade é que não é das mais usadas nas organizações!

Vejamos do que estamos a falar:

  • em 2009, o Facebook tinha 68 milhões de utilizadores (em Portugal, o Facebook tinha 100.000 utilizadores em Janeiro e fechou o ano com mais de 1 milhão!);
  • no mesmo ano, o LinkedIn (rede social profissional) tinha mais de 11 milhões de utilizadores!
  • para constatarem mais dados de mais redes sociais, consultem o ranking  da Compete;

Isto só pode significar que as redes sociais ainda são vistas pelas organizações mais como uma ameaça do que como uma oportunidade!

Na prática, as empresas ainda olham para a Web 2.0 com os olhos de competidores clássicos (“nós contra todos”), quando a web 2.0 se caracteriza por ser colaborativa!

Por isso mesmo, é um erro crasso e sinal de tacanhez tentar vedar o acesso às redes sociais com medo que os colaboradores sejam menos produtivos – o segredo é saber usá-las nas organizações!

Sobre este tema recomendo que passem os olhos sobre o meu recente artigo “Networking: a nova competência executiva“.

Deixo-vos ainda dois vídeos: um sobre a web 2.0 e outro sobre o que aí vem: a web 3.0!

Enjoy it 😉

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Eventos, Factos, Recomendações, Trends

Ainda sobre optimismo: Flash Mob no Aeroporto da Portela

Não resisti a partilhar um vídeo que me foi simpaticamente enviado pela Ana Santos, do ONRH, sobre a Flash Mob no Aeroporto da Portela.

A publicidade viral está na moda, sendo um dos sub-produtos mais potentes da Web 2.0, e as Flash Mobs são uma das suas variantes mais interessantes e galvanizadoras, onde um grupo de pessoas surge subitamente do meio da multidão, executando uma performance ao vivo para um público aleatório, nos locais mais inesperados.

A TAP aproveitou muito bem a época natalícia para experimentar este tipo de publicidade, e este vídeo que convosco partilho é  já um dos mais vistos pelo público português na Internet.

Como bem diz a Ana Santos, este é “um vídeo que representa um verdadeiro incentivo ao optimismo, ao dinamismo, à inovação e à mudança.” … nem mais!

Obrigado, Ana, pela partilha!

Enjoy it 🙂

Eventos, Reflexões, Trends

O paradigma do mundo em rede

teamwork_handsReli há uns dias um excelente artigo de opinião do António Vidigal, que foi publicado em tempos no DE com o título “Um Mundo em Rede” infelizmente já não disponível online).

Nesse artigo, o António Vidigal dava alguns exemplos de como as redes sociais podem alavancar novos modelos de negócio, baseados na cooperação e na co-criação.

Um dos exemplos mais poderosos nasce de um evento desportivo global – a Volvo Ocean Race -, ou seja uma regata épica à volta do mundo. Apesar de ser um evento global que se estende por mais de 9 meses e 37.000 milhas, os envolvidos são sempre em número restrito (tripulações e aficionados). Para envolver um número mais alargado de pessoas, os organizadores criaram o Volvo Ocean Race Game: uma regata virtual que já envolveu mais de 200.000 participantes por todo o mundo!

O potencial de data mining que 200.000 inscritos (e respectivos endereços de mail) representam é apenas a vantagem mais óbvia da qual os organizadores beneficiam, entre muitas mais que justificam a organização de um evento na web 2.0 que aproveita a tendência gregária que os seres inteligentes têm: eles funcionam melhor ligados, em interacção e em comunidade (desde que haja percepção de ganhos mútuos, claro!).

Outro exemplo ainda mais significativo é o da Verizon, uma empresa de comunicações americana que desenvolveu um conjunto de fóruns para que os seus clientes trocassem entre eles um conjunto de informações sobre os seus produtos, num verdadeiro espírito de entreajuda.

Daí nasce o célebre caso de Justin McMurry, um reformado da IBM, de 68 anos de idade, que passa em média 20 horas por semana a ajudar outros clientes da Verizon, ganhando com isso… zero dólares!

… sim, leram bem: ele faz isso de graça! E porquê? Pelo reconhecimento dos seus pares, pela utilidade percebida do seu contributo, pelo sentido que esta actividade dá à sua vida numa fase pós-profissional (logo, há uma percepção de ganho para o Justin, e um ganho efectivo para a Verizon, que criou uma comunidade de prática dinâmica, tendo tido apenas o custo de criar a plataforma de partilha!). Vejam como uma empresa “tipo ZON” consegue envolver os seus clientes no negócio, extraindo deles um volume de conhecimento tácito de valor talvez incalculável…

O que é isto? Focus no cliente e fidelização, gestão do conhecimento e inovação colaborativa.

Deixo-vos com um vídeo muito engraçado, ilustrativo de como funcionam as redes sociais.

Enjoy it 😉

Reflexões

Tempos exponenciais exigem medidas excepcionais!

Este post surge da leitura de dois posts cruzados, e volta a debruçar-se sobre a polémica do projecto “Magalhães“.

Na verdade, a polémica e o debate continuam, o que confirma que o Magalhães continua a despertar as paixões lusitanas. Se isso incrementar o nível de interesse e consciência sobre a verdadeira missão nacional desta geração, que é a Educação (aquela que já foi apelidada de paixão, lembram-se 😉 ?), então já valeu a pena.

No blog De Rerum Natura, o (são) debate continua, com base num post chamado “A polémica sobre computadores nas escolas“, cuja leitura recomendo, bem como os comentários. O vídeo do Ricardo Araújo Pereira ajuda à festa e é um mimo, para variar.

Sobre esse post ocorre-me o seguinte: é preciso não confundir a cana com o pescador.

Deixem-me explicar: a mudança de paradigma na aprendizagem é hoje incontornável. As TIC’s vieram para ficar, e ainda bem, pois sem esta “cana” ninguém pescará nada no futuro! O volume de informação a que temos de aceder e os imperativos de comunicação a que hoje temos de responder fazem com que estejamos condenados à exclusão se ignorarmos as TIC’s (na prática, é isto a info-exclusão).

Outra coisa é saber pescar, ou seja, há que ensinar as crianças desde pequenas a usar adequadamente as TIC no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. Há que prepará-las para usar as TIC para potenciar o acesso a informação, mas libertando o seu cérebro para o pensamento crítico e livre, de modo a fazerem análises e juízos apreciativos que lhes permitam seleccionar fontes de informação e confrontar opiniões, por exemplo.

Por isso não é demais realçar o papel crítico dos professores e da formação que estão agora a ter (sendo incompreensível como uma franja significativa de professores pode estar contra o facto de estarem a ter formação!), no sentido de exercerem esse papel de orientação e formação dos cidadãos do futuro (os nossos filhos).

Também deveria ser contemplada formação para pais, que têm um papel igualmente fundamental de orientação em casa, no sentido de garantirem uma aprendizagem e uma navegação web embebida de critérios de qualidade e valores sociais ajustados à educação para a cidadania.

Trocar isto pela simples eliminação do acesso às TIC nesta idade, assumindo que ninguém está preparado para isso é apenas tapar o sol com a peneira, destruindo ou adiando o potencial de talento futuro do país.

No meu tempo de escola não havia TIC’s e isso não impediu que se produzisse uma enorme maioria silenciosa de “marrões” acéfalos, que foram apenas treinados para reproduzir o pensamento alheio, mas não a pensar pela sua cabeça (nem todos, felizmente 😉 !).

Sugiro a leitura do post do Rui Grilo no seu blog Ideias em Série, com o título  “A mudança acontece…” que mostra de forma clara como vivemos num tempo em que a mudança é tão acelerada e com impactos tão globais que apenas lhe podemos chamar de… exponencial!

E tempos exponenciais exigem medidas excepcionais!

Não percam também o vídeo que o Rui Grilo divulga: simplesmente impressionante!

Sugiro também a releitura do meu post “Magalhães: o talento também se constrói a longo prazo“.

Enjoy it 😉 !

Recomendações, Trends

Web 2.0 nas organizações: ainda sobre o estudo da McKinsey

Ainda a propósito do meu post Web 2.0: a competitividade pós-capitalista, encontrei há dias um comentário sobre o mesmo tema, feito pela Ana Neves, no blog do Portal KMOL – Knowledge Management Online, um dos sítios mais interessantes da Net para se visitar, e que eu já não espreitava há algum tempo.

Neste comentário, a Ana Neves olha para o estudo da McKinsey com olhos optimistas, mas críticos, dando uma perspectiva muito interessante sobre o mesmo, e recomendando igualmente a leitura de outros comentários feitos por bloguistas sobre o estudo da web 2.0.

Uma leitura a não perder! Para quem queira ler mais sobre este tema, recomendo a leitura do meu post sobre Corporate Social Networks.

Votos de boa leitura 🙂

Desafios, Eventos, Trends

Star Tracking: que futuro?

Na 6ª feira passada celebrou-se o primeiro aniversário da iniciativa Star Tracking – A Odisseia do Talento. Foi a 26 de Setembro de 2007 que se realizou o primeiro encontro entre 80 portugueses na cidade de Madrid.

Desde então muito aconteceu: a rede The Star Tracker uniu mais de 15.000 talentos espalhados pelo Mundo e a “onda” de orgulho “Proudly Portuguese” culminou com o evento Star Tracking Lisboa 2008, no Campo Pequeno, onde se reuniram mais de 700 talentos para celabrar esta nova forma de intervenção social – pela positiva, em rede, com orgulho e espírito empreendedor.

Ao fim de um ano de aventura, importa pensar o futuro. Foi aliás o que aconteceu logo após o evento em variadíssimos fóruns onde o tema se começou a discutir.

Este é um tópico que merece, naturalmente, reflexão interna, mas que me parece igualmente merecedor de contributos “extra-rede”, razão pelo qual abro este post no meu blog, apesar de o ir replicar na rede.

Na minha perspectiva, há que considerar alguns aspectos fundamentais:

  • manter o espírito fundacional – apesar do avento da web 2.0 ser incontornável (cf. post Web 2.0), se se cair na tentação de vender a rede a um grande player internacional (tipo Google ou similar), os fundadores obterão uma mais-valia certamente merecida, mas a rede provavelmente acabará, pois dificilmente um player global vai conseguir entender o conceito “proudly portuguese” (1º factor diferenciador);
  • manter a rede selectiva – se se cair na tentação de fazer crescer a rede indiscriminadamente (para ganhar volume, como faz o LinkedIn), provavelmente perder-se-á o 2º factor diferenciador – o conceito de “world class network”;
  • manter a rede livre – se se cair na tentação de regular demasiado a forma de funcionamento da rede, limitando a liberdade dos seus membros (censurando temas de fóruns, por exemplo), a rede perde o seu 3º factor diferenciador – a dinâmica resultante da livre iniciativa. Se deixarmos o “mercado” funcionar, iniciativas menos elegantes ou inteligentes não terão expressão relevante no seio da rede;
  • manter a rede simples – a rede deve manter-se focada naquilo que interessa: manter as pessoas ligadas, e deixá-las interagir em função dos seus interesses comuns;
  • manter a iniciativa viva – para além da rede social e da sua plataforma, há um vasto leque de iniciativas possíveis para manter a “onda” viva e animada, permitindo às pessoas encontrarem-se pessoalmente. Um evento por trimestre de carácter mais “intimista” (grupos até 50 pessoas) e uma iniciativa anual de larga escala (tipo Campo Pequeno) são essenciais para manter o movimento vivo e pulsante;

Este é apenas um modesto contributo para um debate que hoje envolve milhares de talentos por todo o mundo.

Todos os contributos extra-rede são bem vindos neste post. Comentem e sugiram, ok?

Deixo-vos com dois vídeos que recordam o nascimento da iniciativa e o evento do Campo Pequeno (agora já com pós-produção 🙂 !).

Enjoy it 😉 !

 

 

Recomendações, Trends

Corporate Social Networks – como usar as redes sociais nas empresas

Acabei de receber um estudo da Forrester intitulado “Corporate Social Networks Will Augment Strategic HR Iniciatives”.

Apesar do título ser demasiado “afunilado”, pois dirige o interesse apenas para os profissionais de recursos humanos, o estudo tem um interesse que vai muito para lá desse âmbito.

Este estudo reforça a pertinência da Web 2.0 , e muito especialmente das redes sociais naquilo que é hoje o focus das empresas em termos de competitividade:

  • Inovação através da colaboração (ou inovação colaborativa);
  • Retenção de talentos através de networking forte (como defendi no Paradoxo de Ícaro);
  • Reforço da capacidade comercial por via das relações e networking;
Alguns exemplos interessantes são dados, como o caso da IBM e as suas iniciativas intituladas de “InnovationJam“, onde mais de 150.000 pessoas participam no processo de inovação, investindo a IBM mais de 100 milhões de dólares nas 10 melhores ideias!

 

Em termos de aplicabilidade prática imediata, também são dados vários exemplos que podem ajudar à implementação de redes sociais corporativas:

  • Alumni programs – como fonte de recomendações e recontratações;
  • Internship programs – como “viveiro” de recrutamento e integração;
  • Mentoring – como reforço do desenvolvimento de talentos;
  • Plataforma colaborativa – como base de aprendizagem sustentada em comunidades de prática;
  • Onboarding programs – como acelerador da integração;

Algumas destas aplicações são boas formas de demonstrar o value for the money na implementação de um projecto deste tipo, sendo um bom starting point  para um business case.

O estudo aponta ainda outras recomendações sobre estratégias de implementação a adoptar e fornecedores de soluções existentes no mercado. A não perder, portanto 😉

Recomendo igualmente a leitura do comentário ao estudo feita no blog The Connectbeam Social Computing Blog, feito por Puneet Gupta.

Boas leituras!

Trends

Web 2.0: a competitividade pós-capitalista

Um estudo recente da McKinsey confirma as boas novas que muitos de nós anteviam: a Web 2.0 veio para ficar!

No survey “Building the Web 2.0 Enterprise”, fica clara a tendência das empresas para apostar nas ferramentas da Web 2.0, especialmente após um período de “experimentação controlada”, que permita a confirmação do “value for the money”. O crescimento do uso das ferramentas em empresas que as experimentaram no ano passado é simplesmente de 100%!

Esta atitude de experimentação controlada, tendencialmente prudencial, reflecte uma adequada gestão do risco operacional, mesmo na adopção de inovações. Nos tempos que correm, de acelerada mudança e generalizada incerteza, é uma abordagem de gestão poderosa e adequada, em que temos de ousar fazer diferente, experimentar, errar, mas sem cair nas precipitações optimistas que levaram ao estourar da bolha tecnológica no início do milénio.

Assim, a confirmação da validade do recurso à Web 2.0 numa abordagem deste tipo é particularmente robusta, uma vez que não se limita à adesão a mais uma moda.

De destacar a relevância assumida por blogs, wikis, RSSs e Podcasts, usados crescentemente nas empresas como:

  1. ferramentas de gestão da mudança
  2. ferramentas de gestão do conhecimento
  3. plataformas colaborativas entre empregados, mas também com clientes e fornecedores
  4. enablers da inovação
  5. potenciadores do estreitamento da relação com os clientes

É curioso constatar como as redes sociais ainda não foram alvo de tanta atenção e uso como as outras ferramentas da Web 2.0. Muito provavelmente, ainda não ficou claro o retorno que tal recurso pode gerar em termos de investimento. Espero que o exemplo do Star Tracker possa ajudar a perceber o “value for the money” deste tipo de ferramenta 🙂

Das principais barreiras à implementação das ferramentas Web 2.0, destaco as seguintes:

  • Falta de valor percebido (ROI) – o que reforça a minha suspeita sobre a ainda menor adesão às redes sociais…
  • Cultura organizacional pouco receptiva ao uso de tecnologias web 2.0;
  • Falta de incentivos à sua adopção por parte das empresas.

Estas barreiras confirmam que o ponto decisivo no salto para a Web 2.0 é conseguir colocar as organizações a experimentar, o que dá muito espaço de intervenção para quem tenha responsabilidades ao nível da gestão da mudança.

De destacar igualmente o forte sucesso dos blogs na região da Ásia-Pacífico e dos wikis na Índia, chegando mesmo a superar a relevância dos web-services. Tendo em conta o seu forte desenvolvimento tecnológico e económico, estas são tendências a que não podemos deixar de estar atentos.

Por fim um destaque para a constatação de que as tecnologias Web 2.0 aparecem como enablers de mudança:

  • ao nível da forma como as empresas comunicam com clientes e fornecedores;
  • ao nível da forma como captam e retêm talento nas organizações…

Tendo em conta que as duas únicas fontes de vantagem competitiva sustentável são a inovação permanente e a criação de relações de cumplicidade e confiança com os clientes, o contributo da web 2.0 parece ser incontornável.

Assim estejamos à altura do desafio…

Votos de boa leitura 🙂