Reflexões, Trends

Factor P

20090129_post_graphO post de hoje surge de um cruzamento de leituras diversas que, de forma feliz, me levaram a mais uma reflexão.

A primeira leitura (que recomendo), vem da London Business School. Da autoria do Prof. Julian Birkinshaw, o artigo chama-se “Play hard, work hard”. Nesta peça de estudo e reflexão, o autor expõe diversas conclusões a que chegou nos seus estudos aplicados ao contexto organizacional.

Neste caso concreto, o tema central é aquilo a que eu chamo o factor P – de “play”, e não de “preguiça” 🙂 – e a forma como influencia o nosso desempenho profissional.

O factor P pode ser explicado em português como a “componente lúdica” do nosso trabalho. No estudo do autor, está directamente relacionado com a capacidade de participar em redes sociais e estar ligado, numa análise centrada na geração da Web 2.0.

Eu prefiro uma abordagem mais lata, e falo do prazer que tiramos do nosso trabalho. Este é um tema que me é particularmente caro nesta fase da vida, em que eu posso afirmar sem qualquer tipo de dúvida que faço aquilo que gosto. Esta afirmação é radicalmente diferente de outra, aparentemente parecida, que postula que gostamos daquilo que fazemos.

Aparentemente igual, certo? Mas não é verdade. No primeiro caso, assumimos que fazemos aquilo que nos dá prazer e realiza, aquilo em que podemos aplicar plenamente os nossos talentos e que nos permite obter o máximo de valorização percebida e recompensa potencial. No segundo caso, cumprimos um papel, que tem uma componente de coisas que até gostamos de fazer, e que tentamos que compense claramente as coisas que não gostamos de fazer (e que também temos de fazer). Isso significa que eu reparto energias entre produção positiva e produção negativa, sendo que a segunda me consome imensos recursos, tempo e energia.

Muitas vezes aceitamos esta situação por estarmos presos por aquilo a que eu chamo “algemas douradas”um estatuto socialmente invejável, uma remuneração fixa atraente, sinais exteriores de riqueza, etc. -, que justificamos manter por não podermos abdicar do nosso “estilo de vida” (habitualmente sujeito à cosmética dos “compromissos e responsabilidades assumidas”)

Quando vemos que o potencial de ganhos é exponencialmente superior ao concentramo-nos no nosso talento, aí decidimos ganhar coragem para mudar de foco. Sugiro que leiam o livro do Tim Ferriss4 Horas por Semana -, que nos explica como aquilo que verdadeiramente interessa é levar o estilo de vida que um milhão de dólares nos pode proporcionar, e não propriamente ter ou ganhar o tal milhão de dólares (e isto faz toda a diferença!).

Mas voltemos à peça da LBS – esta peça reforça a ideia de que é tonto e inútil tentar travar o acesso dos colaboradores às redes sociais: elas estão “embebidas” no modus operandi das novas gerações, e elas vão sempre encontrar forma de se relacionarem. Em vez de tentar travar o fenómeno, faz mais sentido tentar aproveitá-lo:

  • Dando liberdade de acesso e pedindo responsabilidades mais pelos outputs que pelos inputs;
  • Promovendo a extranetworking como forma de capturar conhecimento relevante para a organização;
  • Promovendo a confiança e ganhando maior commitment;
  • Libertando as pessoas da tradicional desconfiança face aos “superiores hierárquicos”

Sobre este tema li um artigo deliciosamente mordaz e irónico do João Vieira da Cunha no Diário Económico, que recomendo vivamente: chama-se Blogs e Twitter e goza descaradamente com o provincianismo de alguns “gestores controleiros” que ainda pululam no nosso tecido empresarial.

Sobre a tentação controladora dos nossos gestores, sugiro a leitura dos meus posts:

Sobre o advento da Web 2.0  e das redes sociais, sugiro a leitura dos meus posts e artigos:

Ainda sobre a liberdade e o  talento, sugiro a leitura dos meus posts:

Votos de boa reflexão e façam o favor de ser felizes (dá saúde e dinheiro 🙂 !)

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