Surge este post da leitura de outro post, neste caso do Rui Grilo que, no seu blog Ideias em Série, nos fala do chamado Choque de Gerações.
Este é um post que vale mesmo a pena ler, pois evidencia como pode ser ridícula hoje a tentação controleira que alguns gestores têm nas suas organizações, traduzida por atitudes como a proibição do acesso a sites de redes sociais a partir dos pc’s de cada colaborador.
Este tipo de atitudes, típica do tempo da Guerra Fria, em que a luta pela informação, mesmo a nível da competição industrial, era visto como uma arma estratégica, torna-se hoje risível a nível organizacional, pelos seguintes motivos:
- a pretexto da defesa da produtividade, está-se de facto a controlar o acesso e difusão de informação, o que coloca desde logo dois problemas:
- a falta de seriedade argumentativa, pois o pretexto “oficial” não é muitas vezes o pretexto real, o que faz com que se estejam a tratar os colaboradores como pessoas tendencialmente estúpidas ou desonestas;
- a falta de lógica do próprio argumento, pois hoje em dia a produtividade de cada vez mais actividades depende do acesso à informação, da troca de informação e da capacidade de estarmos ligados a pessoas relevantes a quem podemos pedir colaboração.
- a táctica é perfeitamente inútil: se as pessoas se quiserem ligar acabam por fazê-lo de outras formas (quem hoje não tem acesso a um laptop e a uma conexão 3G?) e a informação flui na mesma;
- o comportamento é historicamente desadequado: como o Rui Grilo tão bem expõe, as novas gerações já nascem e crescem num contexto digital, de conexão e em que as redes são extensões naturais das suas ferramentas de trabalho.
Importaria pois entender esta tendência e ajustar as práticas de gestão às mesmas, procurando criar uma ética de responsabilidade, em vez de uma prática de policiamento (ver sobre este tópico o meu artigo Falsos Dilemas Éticos nas Empresas).
Parte da potencial explicação desta tendência – a que escolhi chamar controlholics, pois denuncia um comportamento compulsivo de controle – deriva da incapacidade de alguns gestores saírem fora dos (pre)conceitos aprendidos por alturas da sua formação, em que o paradigma marxista das relações de trabalho ainda imperava (cf. o meu post Marx e o talento), gerando desta forma um efeito destruidor de talento, potencialmente fatal para a competitividade futura das organizações (cf. O Paradoxo de Ícaro).
Votos de boa leitura e reflexão 🙂
Uma opinião sobre “Controlholics: Produtividade e Marx… ou como matar o talento”